Evil Dead Rise
“Sam Raimi andou para que Lee Cronin corresse com esta obra que amplifica o cerne da franquia, mesmo que não traga nada exatamente novo.”
Gustavo Lomba
A franquia Evil Dead não é exatamente um grande hit da cultura pop, pelo menos quando a colocamos frente a frente com outros nomes, como Sexta-feira 13, A Hora do Pesadelo, etc. Porém, sempre foi uma franquia que me agradou, pelo menos os dois primeiros filmes, de 1981 e 1987, respectivamente. São filmes que trazem um misto de terror e comédia (o segundo especialmente) que se complementam de forma muito divertida.
Já no advento do remake de 2013 já fomos positivamente surpreendidos com filme que trazia uma dose pesada de terror e violência a mais. Ele tentou reinventar parte da mitologia da franquia, mas também a tratou com muito respeito.
Em 2023, Evil Dead Rise percorre a mesma trilha de seu antecessor de 2013, porém, de certa forma, o desconsiderando como parte do mesmo universo. Ao que tudo indica este filme considera apenas os três primeiros filmes de Evil Dead. A pista? A cena de introdução. Mais precisamente, quando a mulher possuída cai da cama e, no chão, suas pernas fazem claramente um sinal de 4. Sutil, mas passa a mensagem.
Após esse início somos apresentados a uma família composta por três crianças – Danny, Bridget e Cassie – e sua mãe, Ellie, se esforçando para manter a família unida, mesmo que tenham menos de um mês para se mudar de seu prédio que está prestes a ser demolido. Para completar, eles são visitados pela irmã de Ellie, Beth. Ela está grávida, mas não sabe como lidar com essa situação, então quer pedir ajuda a irmã. Porém, após um terremoto abalar ainda mais as estruturas do prédio, os três irmãos descobrem algo abaixo do estacionamento do prédio.
A história deste filme troca a cabana isolada por um prédio condenado num centro urbano. Curioso como a escolha do lugar parece isolado em plena vista, por se tratar de um prédio prestes a ser demolido. A sensação de isolamento se amplifica quando as personagens ficam limitadas a corredores apertados, um elevador com mau funcionamento ou um apartamento apertadíssimo. Esse cenário sufocante contribui para a sensação de perigo eminente. Afinal, não há como ter grandes perseguições. Não mais do que dez ou vinte passos podem ser dados sem você dar numa parede, num corredor ou numa janela.
Um detalhe interessante que este filme traz em sua história é o estabelecimento do caos. Se em 2013 o demônio queria 5 almas para que o mal andasse na terra novamente, este aqui só quer espalhar o mal. Nada de megalomania, só o puro sadismo e vontade de torturar de uma força dita como o mal puro.
Algo que não podemos dizer deste filme é que ele é original. Muito pelo contrário, ele segue com afinco a cartilha de clichês de terror, como largar a arma depois de acertar o agressor imortal, maldições com regras pouco claras ou uma força assassina que pega leve com os potenciais sobreviventes do filme. Porém, o resultado final consegue ser um filme violento, irônico e que faz jus aos elementos criados por Sam Raimi.
Sobre as atuações, sou incapaz de falar sobre os jovens, pois acho eles um tanto irritantes, com exceção de Cassie, a irmã mais nova. Agora, entrego todos os méritos para Alyssa Sutherland, que interpreta a mulher amaldiçoada do filme. Seus trechos enquanto ela está sob influência do Naturum Demonto são simplesmente incríveis.
Em suma, Evil Dead Rise sabe por quais estreitos caminhos percorre, metaforica e físicamente, se escora em todos os erros e acertos de seus antecessores e não faz feio para quem é fã dos filmes da franquia.
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