Insidious Chapter 2
Mesmo com roteiro pouco inspirado, James Wan tira proveito do terror em segundo capítulo da franquia
Gustavo Lomba
Insidious é uma franquia que eu sempre considerei constante. Seus acertos nunca foram magníficos, tampouco seus erros são terríveis. O destaque que dou a este capítulo está no abandono (parcial) do demônio, tão presente em todos os demais filmes, dando foco no espírito de um serial killer.
Após os incidentes do primeiro filme, Insidious: Chapter 2 começa exatamente onde o primeiro terminou, com a Noiva de Preto estrangulando a medium Elise. Agora habitando o corpo de Josh, a Noiva de Preto quer permanecer no mundo dos vivos com seu novo disfarce a qualquer custo, mesmo que isso custe a vida dos outros membros da família Lambert.
Dedicado a apresentar um pouco mais de investigação, este filme acaba apostando numa faca de dois gumes neste quesito. Enquanto as personagens descobrem pistas e avançam na tentativa de descobrir o que há de errado com Josh, esta informação já nos foi dada. Portanto, por um lado, por mais que adicione alguns detalhes a mais sobre a vida e morte da Noiva de Preto, seu desfecho já conhecemos: Ele habita o corpo de Josh. Porém, essa mesma característica é utilizada para que tenhamos receio pelas personagens enquanto elas lidam diretamente com Josh/Parker Crane.
A decisão de não utilizar o demônio do primeiro filme, já que ele foi exorcizado, seria algo a ser incorporado na franquia, tendo seus próximos filmes sempre contado com a presença de um espírito humano, ou ao menos mais humanoide. A única diferença é que nos filmes subsequentes o demônio também está presente, aparecendo nos trechos finais dos filmes e gerando uma mensagem irritantemente insistente de que Elise é uma pedra no sapato desse ser sobrenatural. Entretanto, aqui no capítulo 2 temos apenas Parker Crane como principal vilão. Ao meu ver, decisão mais que acertada.
A própria investigação que permeia o filme também aponta seus pontos mais frágeis, e cito como exemplo personagens se lembrando de dados importantes quando conveniente, como a mãe de Josh se lembrando de ter tratado de Parker Crane enquanto ele era vivo. Algumas conclusões também são dadas de bandeja, seguindo a ideia do sensitivo que descobre tudo ao tocar no objeto certo. Mesmo sem Elise, o filme conta com a presença de seu colega de profissão, Carl. Mesmo não tendo tanto carisma quanto sua antecessora, ele serve bem a narrativa. Entretanto, ao menos essas fragilidades não traem a lógica interna do filme e conseguem contribuir para uma atmosfera tenebrosa.
Este filme também trabalha um conceito de looping temporal, amarrando seu enredo com uma cena prequel de abertura do filme e até cenas do primeiro filme de uma maneira bem curiosa. Acho que isso ajuda a trazer algum ar de originalidade, mesmo que singela, ao filme.
Além de seus destaques já citados, outros elementos fortes da franquia aparecem novamente, como a porta vermelha guiando ao problema central, a viagem astral e a lanterna para simbolizar a alma viva. Apesar de achar que este filme tem as piores cenas astrais, novamente, elas não traem nada do que já foi estabelecido antes.
Apesar de todos os contratempos que Insidious: Chapter 2 encontra, eu acho se tratar do melhor capítulo da franquia. Não é maravilhoso, mas cumpre bem o papel a que se propõe, ajudando a estabelecer uma franquia que ainda tentaria reprisar sua fórmula mais vezes no decorrer dos anos.
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