Thor: Love and Thunder
“Thor consegue algum triunfo mais apesar de seu diretor, do que graças a ele.”
Gustavo Lomba
Eu costumo gostar bastante dos trabalhos de Taika Waititi, de Our Flag Means Death até Jojo Rabbit, eu gosto bastante de seu senso de humor e como ele desconstrói ícones, transformando-os em algo patético, cômico ou cafona. Aqui, entretanto, esse não foi seu trunfo. Foi sua ruína.
Vou dividir este texto em dois momentos, que foram os momentos que tive muito claros enquanto acompanhava o quarto filme solo do deus do trovão da Marvel. O primeiro deles compreende mais ou menos a primeira metade do filme. E essa metade foi simplesmente insuportável.
Nesta trama vemos um Thor sem saber seu lugar no mundo. Enquanto tenta descobrir as verdades de sua alma ele precisa lidar com um ser que está matando todos os deuses.
A introdução do filme, dedicada a apresentar a Necroespada e Gorr, o carniceiro de deuses, foi talvez a melhor cena desta primeira metade. Apesar de achar um tanto apressada, serviu bem a seu propósito para apresentar a ameaça. Em minha opinião, Gorr foi um excelente vilão. Talvez o que eu mais tenha gostado dentre a galeria dos vilões de Thor.
Depois disso a comédia geralmente competente de Taika Waititi começa a atirar para todos os lados, das breves cenas com Guardiões da Galáxia à cidade da Onipotência, passando pelos bodes e a relação estilo filme de comédia romântica entre Mjolnir, Jane Foster, Stormbreaker e Thor, simplesmente parecia tudo descalibrado. Isso sem falar na justificativa do Mjolnir se aliar a Jane que foi um retcon que, como justificativa, não convence. Acho que haviam melhores formas de demonstrar como Jane Foster consegue seu posto de Mighty Thor.
Outro ponto que me incomodou é a quantidade de personagens mal utilizados. Nessa lista podemos colocar os próprios Guardiões no início do filme e a Valquíria. Certamente o roteiro não foi feito para comportar essas personagens. Lady Sif até ganhou uma redenção no fim do filme, mas isso foi a custo de uma cena constrangedora com Thor nessa primeira metade.
Após o fracasso em formar um exército divino para combater Gorr em seu planeta natal, o filme parece que se exauriu de todas as piadas e eu senti que ele não teve escolha a não ser se levar um pouco mais a sério. E que fique registrado, eu não estou falando em tornar o filme solene, nos maiores moldes Snyderianos. Ele só parou de tentar emendar piadas em sequência e deu um pouco mais de vazão a relação entre Thor e Jane, a solidão de Valquíria e a própria ameaça de Gorr. E é a partir daí que o crescendo do filme se inicia.
Mais preocupado em se amarrar a partir desse ponto, ele expõe a fragilidade de Jane Foster por debaixo do Mjolnir, o quanto Thor nunca foi capaz de superar seu amor terrestre e como Gorr poderia ser um adversário perigoso. Porém, esta última parte ainda senti bem fragilizada. Parece que a Marvel não contesta os poderes de seus heróis mais poderosos: Perceba que Thor e Capitã Marvel não são testados em sua plenitude de poderes. Então mesmo que Gorr pareça perigoso, senti que ele nunca foi exatamente páreo para o deus do trovão.
A cena final para mim é algo muito bom envolto em diálogos pavorosos. O que acontece diante da Eternidade é bonito, poético e até um tanto ingênuo, mas as falas tornaram o momento também bastante constrangedor. Salva a devida proporção, parece a cena final de Doutor Estranho 2.
Em suma, Thor: Amor e Trovão extraiu bons momentos e tem seu valor, mas ele está diluído em muita coisa mal explorada e com um excesso de comédia que claramente prejudicou o filme mais que o ajudou.
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